domingo, 27 de março de 2011

A política dos Gadgets



A verdade sobre as motivações dos verdadeiros crentes na tecnologia

Sou crítico de tecnologia de consumo há mais de dez anos. Nesse tempo, mensagens de ódio fi zeram parte do meu trabalho diário.

No início, achava que entendia. Na época, era tudo sobre Microsoft versus Apple. Era fácil ver porque as pessoas tomavam partido: a Apple era o azarão enfrentando um gigante estabelecido. Era divertido torcer por um lado ou outro.

Hoje, no entanto, há fãs e críticos prontos para atacar qualquer posição concebível no mundo da tecnologia de ponta – “posição”, é claro, signifi cando “empresa ou produto”.

Nas conferências de tecnologia, nós, colunistas, comparamos a hostilidade das mensagens de ódio que recebemos. Não importa se você acredita que está sendo imparcial na revisão; alguém vai criticá-lo por isso.

Então, quando o iPad da Apple foi lançado no ano passado, tentei uma experiência maluca: escrevi duas revisões no New York Times em uma única coluna, tomando posições opostas quanto a seu sucesso. Uma era para seus fãs – toda positiva – e outra para seus detratores – toda negativa. Imaginei que isso
certamente satisfaria a todos.

Surpreendentemente, minha tentativa não agradou a ninguém. Os bloggers anti-Apple escreveram sobre a minha “carta de amor” ao iPad; os blogs de fãs espumavam sobre o “massacre” que eu cometera.
Cada lado ignorou metade da coluna!

Mais tarde, descobri que eu testemunhara uma predisposição cognitiva bem documentada: o efeito da mídia hostil. Ele diz que as pessoas com opiniões fortes sobre um assunto percebem a cobertura da mídia como tendenciosa contra suas opiniões, não importando o quanto a cobertura possa ser neutra.
Mas esse fenômeno costuma se aplicar à política, não à eletrônica. Isso só poderia signifi car uma coisa: que as tendências de gadgets haviam, de fato, se politizado.

O que está acontecendo aqui? Por que as pessoas se enraivecem tanto por causa de sua escolha de telefone, pelo amor de Deus?

Primeiro, empresas de tecnologia, agora, trabalham duro para ligar seus produtos a estilo e imagem. Aqueles anúncios coloridos com silhuetas dançantes do iPod nunca mencionam uma única característica
– exceto pelo quanto ele te faz parecer legal. A mensagem parece ser “você não vale nada se não comprar um” – e, de repente, se alguém fala mal do seu gadget, também está desmerecendo você como pessoa.

Por
David Pogue

David Pogue é colunista de tecnologia pessoal do New York Times e ganhador do prêmio Emmy como correspondente da CBS News.

fonte: http://www2.uol.com.br/sciam/ciencia_brasileira/

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