sábado, 28 de setembro de 2013

No Rastro da Bicharada!

Embora a natureza ofereça beleza e exuberância para todos os gostos, existe um grupo que com certeza atrai mais atenção e interesse dos observadores. A dificuldade de observação de mamíferos em seu habitat natural pode frustrar muitos espectadores e estudiosos mas algumas evidências de sua presença podem ser bem interessantes e passíveis de apreciação e registro, como restos de alimentação, fezes (sim! Fezes!), cheiro, marcações mecânicas (como escavações, arranhadores) e principalmente... pegadas!

Para um biólogo de campo é uma felicidade imensa encontrar uma pegada fresquinha, bem desenhada e profunda! A primeira coisa que pensamos em fazer é fotografa-la para poder identificar quem foi o visitante. As pegadas podem ser observadas em trilhas comuns, pois muitos desses animais são noturnos e utilizam as trilhas para buscar alimento ou apenas se deslocar de um lugar para outro. É preciso que o solo seja fino e esteja úmido para que as pegadas fiquem perfeitas, mas mesmo sem as condições ideais podemos observar alguns rastros. Uma boa dica é procurar por cursos d´água, que os animais costumam utilizar para saciar a sede. A posição em que eles ficam para tomar água e a consistência do solo favorecem o “imprint” das pegadas!

Aqui tem alguns exemplos de fotografias de rastros, tiradas por mim em laboratório ou no campo mesmo. É importante sempre que possível, colocarmos alguma referência ao lado da marca para facilitar a identificação por tamanho:
Pata posterior de Ratão-do-Banhado (Myocastor coypus) avistada na Serra do Japi, em Jundiaí-SP. Usei como referência um gancho herpetológico, usado para retirar serpentes que caem nas armadilhas por engano.


Pegadas de Jaguatirica (Leopardus pardalis) reproduzidas na areia em laboratório.


Molde em gesso da pata dianteira de Mão-pelada (Procyon cancrivorus).


Atividade em laboratório mostrando outra técnica de captura de pegadas. Utilizamos uma folha de transparência e canetas de retroprojetor. Pode ser feito com papel transparente e canetinhas com ponta macias.

Depois de feito o registro, precisamos identificar a qual espécie ou grupo ela pertence. Para isso existem alguns guias de campo com ilustrações e descrições das pegadas. Para quem se interessa, um guia muito legal é o “Rastos de Mamíferos Silvestres Brasileiros – Um Guia de Campo” dos biólogos Marlise Becker e Julio Dalponte. Mas existem outras opções nas livrarias ou internet.



Detalhe do guia de pegadas e capa. 


Que tal na próxima trilha tentar identificar os animais que passaram por ali? Câmera, papel e caneta na mão e boa sorte!



Até a próxima!

Colaboradora do Planctônico

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